Na Península de Setúbal, o pastel de nata tem, desde maio último, um novo reduto, na Confeitaria São Julião, casa palmelense com mão do doceiro Nuno Gil. O homem que nos últimos anos criou, entre outros, dezenas de pastéis, tartes e bombons com produtos da região – como a ginja, a aguardente e, inclusivamente, a tinta de choco – engendrou o pastel de nata em casamento com uma das bebidas espirituosas que dá fama ao território, o Moscatel de Setúbal.
Em génese, trata-se de um pastel de nata clássico, “para consumo no próprio dia. Não é congelado, não tem conservantes. Por sua vez, a massa folhada tem uma duração curta, não gosta de humidade e, rapidamente, perde o estaladiço”, como nos refere Nuno Gil. Um pastel que se trinca bem, de recheio cremoso, sem se apresentar líquido e massa folhada a estalar a cada dentada.
Acresce, contudo, no sabor deste pastel de nata palmelense o travo adocicado, embora não impositivo, do Moscatel de Setúbal. Um casamento entre as natas e a bebida espirituosa que, de acordo com Nuno Gil, mereceu registo prévio e “autorização da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal. Julgo que para o aval positivo terá pesado o trabalho que tenho desenvolvido em prol dos produtos regionais”.
Com a resposta favorável à produção, o doceiro a laborar desde 1992 e com formação na Escola de Hotelaria de Setúbal, encontrou no terreno o parceiro que precisava para a concretização do seu pastel de nata. “Deu-se um facto interessante”, conta-nos, acrescentando, “quando comecei a produzir o pastel de nata, a Adega Camolas mostrou interesse em associar-se a este projeto”.
A casa produtora de vinhos assente num negócio familiar aconchegou o seu moscatel ao pastel de nata de Nuno Gil.
“Acrescento o moscatel quando produzo a calda”, adianta o doceiro, referindo que na fórmula do seu novo doce reduziu a “quantidade de açúcar em benefício do moscatel que, por si, empresta doçura”.Na região, o Pastel de Nata com Moscatel encontra-se à venda na Casa Mãe Rota dos Vinhos, Retiro Azul (Palmela), no Forte de São Filipe, na Casa da Baía, no Cais da Gávea e no Moinho de Maré da Mourisca (Setúbal).
Fonte: SAPO