Castas
UM SABOR FEITO DE MUITOS SABORES.
Toda gente fala sobre castas, mas será que todos sabem o que é uma casta?
Casta é como chamamos a variedade de uva destinada à vinificação e não ao consumo imediato. Assim como o clima e o solo, o tipo de casta é essencial para a qualidade de um vinho. A casta é o que dá a personalidade do vinho. É a partir das suas características que podemos definir não só o tipo de vinho como também o seu estilo.
E, tal como noutras regiões, também os vinhos da Península de Setúbal são feitos a partir de uma seleção de castas, nacionais e internacionais que, individualmente ou em combinação com outras, dão origem a alguns dos melhores e mais saborosos vinhos portugueses.
Castas Brancas
É uma das castas portuguesas mais antigas e de grande tradição, e a terceira casta branca mais plantada na Península de Setúbal.
De grande nobreza, confere aos vinhos acidez, estrutura e boa capacidade para envelhecimento, o chamado potencial de guarda. É muito utilizada em vinhos de lote (feitos com mais do que uma casta), aos quais aporta frescura, mineralidade e longevidade, ganhando elegância e complexidade durante a sua evolução. Também é bastante utilizada na produção de vinho espumante.
Características:
- É caracterizada pela sua acidez natural elevada.
- No seu aroma sobressaem notas minerais, de maçã verde, lima e limão.
Embora existam diferentes variedades de Moscatel no mundo, a casta Moscatel de Setúbal é a que apresenta maior concentração e riqueza de compostos aromáticos, proporcionando, por isso, vinhos memoráveis. Referências históricas apontam que a sua origem foi na terra de Alexandria e, por isso, é muitas vezes reconhecida internacionalmente como casta Moscatel de Alexandria.
Características:
- Os aromas típicos: casca e flor de citrinos, mel, tília, rosa, líchias, pera, tâmaras e passa de uva.
Uma das castas brancas mais disseminadas por todo o país e, a seguir ao Moscatel de Setúbal, é a casta branca mais plantada na Península de Setúbal. A sua versatilidade, amadurecimento precoce e riqueza em compostos aromáticos estão na base da sua popularidade.
É utilizada tanto em vinhos elementares (só uma casta), como de lote (com mais de uma casta), tendo também bons resultados na elaboração de espumantes, vinhos licorosos e, ainda, em vindima tardia.
Características:
- No seu perfil aromático, destacam-se os frutos tropicais, a rosa, tília, laranjeira, lima, limão e outras ervas limonadas.
Outras castas brancas:
Antão Vaz, Verdelho, Chardonnay, Viosinho, Viognier, Síria, Malvasia Fina, Sauvignon, Alvarinho, Sercial, Rabo de Ovelha, Pinot Blanc, Moscatel Galego Branco, Tamarez, Semillon, Loureiro, Boal Branco e Encruzado.
Castas Tintas
De produção mais limitada e rara, por isso, menos conhecido, mas não menos apreciado do que o Moscatel de Setúbal, o solar do Moscatel Roxo é a Península de Setúbal. Esta casta quase chegou à extinção no século passado por ser extremamente difícil garantir uma boa quantidade de produção. Razão que deu lugar à plantação de outras castas durante este período.
Características:
- Os seus cachos são pequenos e compactos, de bagos redondos e tom rosado, de extrema doçura.
- Esta casta, à semelhança da Moscatel de Setúbal, tem um perfil aromático riquíssimo e contribui, de forma inequívoca, para as características de aroma e sabor dos vinhos a que dá origem.
- Comparativamente com os vinhos da casta Moscatel de Setúbal, este vinho generoso possui um aroma mais seco e complexo, mas não menos rico, à prova excede as expectativas criadas pelo aroma, exibindo um paladar finíssimo onde ressaltam as especiarias e as compotas de ginja e figo.
É talvez a casta mais elogiada em Portugal, estando hoje disseminada por, praticamente, todas as regiões do país. É uma casta nobre e muito apreciada; a quarta mais plantada na Península de Setúbal.
A Touriga Nacional proporciona cor intensa e origina vinhos elegantes, equilibrados, retintos, encorpados, poderosos e com excecionais qualidades aromáticas.
Características:
- A pele grossa, rica em matéria corante, proporciona cores intensas. A abundância dos aromas originários da casta é uma característica forte, apresentando-se simultaneamente floral e frutada, sempre intensa e penetrante.
- No seu aroma macio e quente predominam as notas de frutos silvestres maduros, tais como; amora e mirtilo, com nuances florais que lembram violeta, rosmaninho e, por vezes, esteva.
- Origina vinhos com boa graduação alcoólica, harmoniosos e com excelente capacidade de envelhecimento, ganhando complexidade aromática com o estágio em barrica.
É uma das mais nobres castas tintas da Península Ibérica, reconhecida nos dois lados da fronteira. Designada por Tempranillo, em Espanha, é também conhecida, em Portugal, por Tinta Roriz.
Na Península de Setúbal, ocupa cerca de 300 hectares e a sua maturação ocorre, regra geral, uma semana antes da casta Castelão.
Características:
- É uma casta amadurecida precocemente, vigorosa e produtiva, facilmente adaptável a diferentes climas e solos, embora prefira climas quentes e secos e solos arenosos ou argilo-calcários.
- Se o vigor for controlado, produz vinhos encorpados, mas elegantes e muito aromáticos.
- Os aromas da casta sugerem ameixa, passa de ameixa, frutos silvestres, especiarias e por vezes o alcaçuz, tornando-se mais complexos com a evolução.
- Embora se utilize, frequentemente, em vinhos de lote, também é utilizada com grande sucesso em vinhos monovarietais (só uma casta), sendo já uma imagem de marca de algumas empresas da região.
Embora seja originária da região de Côtes du Rhône, encontra-se largamente difundida pelo mundo. Na Península de Setúbal ocupa, aproximadamente, 400 hectares.
Aqui encontrou solo e clima privilegiados, onde se tem desenvolvido extraordinariamente bem, dando origem a vinhos de qualidade excecional, largamente medalhados tanto ao nível nacional, como internacional.
Características:
- É uma casta com personalidade forte, robusta, que confere corpo e boa estrutura aos vinhos. Na Península de Setúbal, o Syrah é mais evidente nas notas sensoriais de mirtilo, amora, violeta e azeitona preta, além das especiarias menos expressivas.
- A Syrah é geralmente mais frutada do que especiada na Península de Setúbal.
É a casta tinta mais cultivada no sul de Portugal, ocupando cerca de sessenta por cento da produção na Península de Setúbal.
Desde 1830 que também é conhecida por Periquita, altura em que José Maria da Fonseca a plantou na sua propriedade de Azeitão – Cova da Periquita – e cujos vinhos ganharam tanta fama, que difundiram o nome por toda a região.
Tem um grande poder de adaptação a diferentes condições climáticas, o que lhe dá uma notável versatilidade. Mas é na Península de Setúbal, especialmente nos terrenos arenosos e nas vinhas velhas da região, que se manifesta em toda a sua plenitude e dá o melhor de si, dando origem a vinhos mais estruturados, carnudos e intensos.
Características:
- Estes vinhos apresentam-se na prova bastante estruturados e frutados, insinuando aromas a cereja, groselha, bolota, castanha, ameixa confitada, amoras e framboesa, que se harmonizam bem com o estágio em barricas de carvalho.
- Regra geral, apresentam excelente capacidade de envelhecimento.
Outras castas tintas:
Trincadeira, Cabernet-Sauvignon, Alicante-Bouschet, Touriga-Franca, Merlot, Alfrocheiro, Tinta-Barroca, Tinta-Miúda, Tannat, Tinto-Cão, Petit-Verdot, Pinot Noir, Bastardo, Tinta-Caiada, Baga e Moreto.
Para saber mais sobre as castas autorizadas à produção das designações D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal, consulte a legislação.
file_download Legislação D.O. Palmela
file_download Legislação D.O. Setúbal
file_download Portaria 118 (2014)
file_download Legislação I.G.
Curiosidades
Nem todos os vinhos melhoram com o tempo. Há vinhos que são criados pelos enólogos com o objetivo de serem consumidos num curto espaço de tempo e estes devem ser consumidos rapidamente. A maioria dos contrarrótulos indicam a sugestão do produtor sobre a abertura e guarda da garrafa.
No vinho tinto, a cor avermelhada se dá por causa da extração de pigmentos presentes na casca da uva. Já o vinho branco é fermentado sem a casca e, por isso, é branco. Um bom exemplo são os vinhos espumantes feitos, em sua maioria, com as castas Chardonnay e Pinot Noir, esta última uva tinta.
Enquanto o enólogo é o profissional que trabalha diretamente na indústria dos vinhos, coordenando e supervisionando a produção, o escanção é um especialista que auxilia os clientes de um restaurante na escolha e harmonização dos melhores vinhos.
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